14 de julho de 2011

Curando as feridas da alma


Introdução


Considerando que parte da nossa missão consiste em sermos agentes sociais de cura e libertação de outras pessoas, como alcançaremos este propósito se nós mesmos carregamos enfermidades não tratadas, problemas emocionais e afetivos não resolvidos?
Por muito tempo, a leitura de textos bíblicos isolados do seu contexto (como de 2 Coríntios 5.17, Romanos 8.1 e outros), fizeram-me assumir uma postura confortável em face dos meus problemas e dos problemas dos outros. Afinal, se a questão é sobrenatural, então “deixa Deus resolver”. Mas esse tipo de pensamento nada tem a ver com o propósito do Evangelho.
Em Marcos 16:17 Jesus assegura aos que cressem nEle que sinais sobrenaturais os acompanhariam:
“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Marcos 16:17-18)

O PROBLEMA DA IGREJA BRASILEIRA

O nosso problema aqui no Brasil é que a versão evangélica que chegou não acreditava desse modo e deu interpretações racionais, hermenêuticas, para estas palavras de Jesus, descartando-lhes o caráter sobrenatural, tratando-as como alegorias ou parábolas.
A ênfase na salvação da alma encheu as cidades de crentes em Cristo sinceros, porém, enfermos. E não demorou muito para que começássemos a contabilizar escândalos morais dentro da própria igreja.
O Evangelho precisa ser visto como uma proposta integral para um ser humano integral, ou seja, um ser composto de corpo, alma e espírito. Assim como não dá para dissociarmos de nós mesmos: o corpo, a alma e o espírito, não dá para pensarmos num evangelho especializado numa dessas dimensões da vida humana. Como dizemos em Missão integral da Igreja: O Evangelho todo, para o homem todo.
No tocando às enfermidades da alma, está cientificamente comprovado que 80% dos problemas orgânicos são de caráter emocional, ou seja, são psicossomáticos.
Comportamentos emocionais crônicos de ansiedade, insegurança, medo, culpa, vergonha, mágoa, depressão, etc, são respaldados pela dor emocional em relação às cargas de rejeição sofridas.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS

Em 2004, a OMS apresentou dados alarmantes sobre o comportamento emocional da população mundial: “O suicídio mata mais que a violência urbana e as guerras (...) A cada 40 segundos, em alguma parte do planeta, uma pessoa tira a sua própria vida”. Estima-se que entre 10 milhões e 20 milhões de pessoas se suicidam por ano no mundo.
Como veremos em estudos posteriores, para que as pessoas cheguem a este estágio último, eles precisaram percorrer um longo caminho marcado por inseguranças, colapsos nervosos e frustrações, que as desestabilizaram internamente, fazendo-as, muitas vezes, quebrar princípios e ignorar as placas de “PARE”. Como diz o Pr. Coty: Compensando o déficit emocional com um crédito de concupiscência, gerando uma personalidade distorcida e descompensada.
JEREMIAS 4.19

Os gemidos do profeta Jeremias em face dos problemas espirituais do povo de Israel e das dificuldades latentes do seu ministério profético, são facilmente compreendidos por aqueles que vivem seus dramas existenciais.
Quem afinal nunca teve uma dor profunda na alma a ponto de gemer e questionar a própria existência?
O que nos conforta quando lemos os grandes heróis da Bíblia é percebemos que eles eram iguais a nós na maneira de sentir a vida; eram humanos e nada do que é humano lhes era indiferente. Portanto, o que os tornavam “heróis” não era a ausência de problemas, mas a maneira como eles lidavam com os problemas. “Não importa o que fazem com a gente, mas o que a gente faz com o que fazem com a gente”.
Observe que na primeira parte do versículo Jeremias geme, mas na segunda parte ele parece se dispor a fazer algo: “Não posso ficar calado...”.
As feridas da alma são mantidas e pioradas por atitudes de passividade. Exemplo: Você fica sabendo que seu melhor amigo falou mal de você; então você decide em seu coração não confiar mais nele e não o procura para esclarecer os fatos. Essa decisão produz inicialmente uma ira, que fira uma mágoa, que gera uma raiz de amargura, uma inimizade, um ódio e, em alguns casos, um crime (Caim x Abel).
Nada é mais danoso para a alma ferida do que a passividade, porque ergue em nós muros de autoproteção nos levando a estágios de indiferença, de fuga e ceticismo. Mas a passividade não é causa. É conseqüência. Não é raiz, é fruto.
Quando alguém toma a decisão de não encarar um problema, optando pela indiferença, está apenas revelando a sua fragilidade emocional, uma alma ferida. Enquanto as feridas não são curadas o espírito de passividade continua alojado no coração da pessoa, distanciando-a do propósito de Deus.

Fonte: Jornal Pequeno

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